Wednesday, October 18, 2006

Escolas antecipam avaliação estatal e querem obter selo de qualidade - DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Algumas escolas, essencialmente secundárias, estão a ser avaliadas por consultores externos, antecipando-se ao processo de avaliação proposto pelo Ministério de Educação e cujo modelo deverá ser conhecido em Dezembro. O objectivo é melhorar o que está mal e exibir um selo de qualidade. Professores, funcionários, alunos e encarregados de educação, todos avaliam e são avaliados.
Os encarregados de educação das escolas secundárias receberam no final deste ano lectivo um questionário com uma escala de classificação de 1 a 4 sobre o grau de satisfação da escola dos filhos. Entre outros indicadores, inquiria-os sobre a divulgação do projecto educativo e os critérios de avaliação dos alunos, a relação entre o conselho executivo, professores e os estudantes e pais, ou a competência, criatividade e forma de comunicação dos docentes. Isto, além da apreciação sobre os apoios educativos, os horários e regras de funcionamento dos serviços, entre outros sectores escolares.
Os directores de turma explicaram aos pais que a escola estava a pedir uma avaliação externa para implementar o CAF (Estrutura Comum de Avaliação), um modelo de auto-avaliação criado com base nos critérios de excelência da EFQM (Fundação Europeia para a Gestão de Qualidade) para os organismos públicos conhecerem o seu desempenho. Ou seja, tanta polémica sobre a avaliação das escolas por parte dos pais e havia conselhos executivos que já o estavam a fazer voluntariamente. Os professores argumentam que não se trata de uma avaliação directa de cada docente.
"A avaliação dos pais é importante, mas eles também são avaliados. Por exemplo, um dos problemas que detectámos é que alguns encarregados de educação não vão às escolas. Este é um modelo de avaliação a 360 graus", explicam Melissa Marmelo e Sílvia Vicente, as consultoras que estão a aplicar o modelo de avaliação nas escolas, depois de o terem feito em organismos da função pública. Acrescentam não ter sentido resistência por parte de nenhum sector (obtiveram cerca de cem por cento de respostas), o que também "tem a ver com a forma como a avaliação é apresentada".
O CAF baseia-se, essencialmente, na avaliação dos processos de gestão das organizações públicas e segundo os critérios EFQM. Estes já são aplicados em muitas unidades de ensino europeias, nomeadamente na Euro-pa do Norte onde o sistema é obrigatório. O sucesso escolar e classificações dos alunos ou as faltas dos professores, por exemplo, não são tidos em conta nesta grelha de análise, embora Melissa e Sílvia digam que há uma resposta aberta e onde as pessoas podem fazer críticas. "Mas uma boa gestão vai sempre influenciar os resultados escolares", defendem.
Além disso, o modelo é adaptado à realidade escolar local e a cada estabelecimento de ensino, até para não repetirem os "erros do Ministério da Educação" de enviar circulares iguais para todas as escolas, quer estejam localizadas em grandes cidades ou numa freguesia do interior.
Os questionários são diferentes para cada escola e para cada um dos quatro grandes grupos que constituem a comunidade educativa, embora assentem em indicadores iguais. Há dois tipos de critérios: os que se reportam à forma como as actividades da escola são desenvolvidas, designadamente quanto à utilização dos recursos disponíveis, e os que avaliam o produto final das acções empreendidas, com utilização dos meios necessários para atingir os objectivos fixados para a escola.Há, ainda, uma grelha de auto-avaliação feita por um grupo representativo da escola. Conhecido o diagnóstico, são apresentadas as três principais melhorias a introduzir e preparado o processo de certificação a apresentar à Associação Portuguesa de Qualidade, a entidade que concede o selo.
"As escolas querem antecipar-se e prepararem-se para o modelo de auto-avaliação, até porque não sabem como se poderão avaliar", explicam as consultores. Sublinham que os órgãos directivos querem saber o diagnóstico da escola e obter o selo de qualidade, cada vez mais um elemento competitivo. Mas o processo custa cerca de dois mil euros e alguns irão ficar pela primeira etapa.
A Escola Secundária da Amadora foi uma das pioneiras a introduzir o sistema, entre as quais existe apenas uma escola privada, o Externato Cooperativo da Benedita. Juntaram-se-lhes as secundárias de Caneças, Leal da Câmara, Damião de Góis, José Gomes Ferreira, Pedro Nunes, da Ramada, da Mucana, Fonseca Benevides, a Básica Pedro Alenquer e a Escola Profissional Agrícola D. Dinis.

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